Autobiografia
O meu nome é Ana Cristina Lourenço Carvalho Honorato, tenho 35 anos, nasci a 19 de Agosto de 1986, moro na Sobreda, sou casada há 18 anos, tenho 4 filhos, trabalho numa empresa de construção civil há quase 3 anos, como empregada de escritório, mas a minha principal função é orçamentista para companhias de seguro.
Foi na maternidade Alfredo da Costa que a minha mãe deu à luz pela primeira vez, mas antes da minha chegada ao mundo, o meu pai já tinha a minha irmã, Elizabete. Temos 6 anos de diferença, a minha irmã foi criada com a mãe, por esse motivo eu considero-me filha única, embora tenha uma irmã que não vivia comigo, mas temos até hoje uma ligação especial, somos irmãs como muitos não são. A minha infância foi cheia de alegria, amor e brincadeira. A minha mãe é estofadora, uma profissão de família, pois a minha avó materna tinha uma oficina de estofos e foi lá que eu passei a maior parte da minha infância. Quando eu nasci a minha mãe só tinha 16 anos por isso a minha avó materna ajudou na minha criação, embora vivesse com o meu pai e a minha mãe na nossa casa, era na oficina que a minha mãe trabalhava que eu passava os dias, então até aos meus seis anos eu todos os dias estava com a minha avó materna e tios maternos. Conheço muito bem a profissão teoricamente, mas na prática só algumas coisas pois nunca me despertou interesse profissionalmente, considero uma profissão magnífica, mas não para mim, pois existem profissões que tem de ser ter um “dom” os trabalhos manuais não são para todos.
Comecei a escola primária com seis anos, conhecida como Escola das Meninas, eu pensava na altura que era mesmo só meninas mas afinal não, era só o nome, mas foi me contado pelos meus avós que já tinha sido mesmo só uma escola de meninas, mas na época deles, eu vivia na rua da escola mesmo em frente, era só atravessar a passadeira e estava na escola, lembro me também que existia uma padeira no meu prédio, onde todos os dias comprava o pão e a senhora dava me um suspiro branco grande, ainda hoje lembro-me do cheiro sabor e textura. Completei o quarto ano e mudei de escola para o ensino básico, para a escola António da Costa ainda hoje tem o mesmo nome, conheci novos amigos onde criei laços até hoje.
Na passagem do sexto ano para o sétimo voltei a ter de mudar de escola, pois tinha mudado de residência e pela morada pertencia a outra escola, foi então que mudei para a escola Elias Garcia, hoje conhecida como Cacilhas Tejo, na altura a escola era básica e secundária hoje é secundária, lembro-me de serem contentores e não edifícios, vi os edifícios de hoje serem construídos, na altura a escola foi dividida em duas partes uma onde tínhamos aulas outra onde começaram a construir os edifícios, quando parte dos edifícios estavam construídos trocamos, fomos para os edifícios e a outra parte dos contentores começaram a construir mais edifícios ou seja posso dizer que estreamos os edifícios novos, foi uma loucura, tínhamos uma sala com aquecimento, quadros com uma boa iluminação, casas de banho completas para nós na altura foi muito importante, completei o 8ºano, nesta época já tínhamos a disciplina TIC onde aprendi a trabalhar com um computador a perceber o que é o software e hardware e a mexer no Word e ter alguma noção da internet. Nesta época ainda não tínhamos a internet tão desenvolvida.
Na minha adolescência o tempo era repartido entre a escola, natação e os amigos, vivi na transição do tempo em que não havia telemóveis e íamos para a rua brincar e tocamos as campainhas para chamar os amigos para brincar, mas quando chegou os telemóveis foi muito engraçado, eu tive um cor-de-rosa, o ecrã era pequeno e tínhamos que contar as letras que escrevemos, pois, as mensagens tinham limite de carateres. Deixo-vos uma imagem ilustrativa de como era:
O meu primeiro telemóvel |
Também tivemos a transação da nossa moeda de escudos para euros, no princípio foi complicado, mas penso que para todos, o mais engraçado foi ter de ajudar a minha avó e as “velhinhas do café” a fazer contas para pagar e de troco, coitadinhas mas também conseguiram.
Com os meus 16 anos comecei a trabalhar num restaurante no Fórum Almada quando inaugurou, era um part-time das 19:00hrs às 24:00hrs, foi uma experiência muito boa para mim. Foi nesta experiência profissional que tive primeiramente contato com o público, aprendi a servir às mesas, passei muito tempo no balcão onde aprendi a falar com os clientes. Na altura tive uma formação interna onde nos foi ensinado várias formas de comunicar com os clientes:
Comunicação Oral: A comunicação oral parte do princípio básico de interação de ideias por meio da fala, deve ser ouvida e interpretada.
Comunicação não verbal: Nesse caso, como o próprio termo revela, refere-se à expressão que não utiliza nem a fala nem a escrita. Como a comunicação visual, por exemplo: dança, mímica, sinais de trânsito, música. Nesta formação era muito importante a linguagem não verbal, as nossas expressões bem como o nosso vestuário era muito importante para transmitir uma boa apresentação, de forma a que o cliente volte sempre.
Comunicação escrita: Já a comunicação escrita também é parte da linguagem verbal, porém através de jornais, livros, revistas, bilhetes e qualquer abordagem de texto.
A postura é essencial durante a abordagem. Pode transmitir confiança, insegurança e, até mesmo, a mentira. Todos nós, inconscientemente, podemos reconhecer e interpretar esses sinais, e isso impacta diretamente na tomada de decisão.
Por isso, é importante não só que o colaborador mantenha uma boa linguagem corporal, mas também saiba interpretar, no nível racional, todos os sinais transmitidos pelo cliente. Nesta época era ainda muito nova, houve momentos na formação que o contexto não me fazia lógica, mas depois com a prática percebi que fazia todo o sentido, mesmo com cliente mais chato, rabugento e antipático, tendo conhecimento podemos o levar a onde cremos, e educadamente em qualquer situação. Com os colegas de trabalho também temos de saber falar mas principalmente saber nos ouvir. Ao longo da vida reconheci o quanto é importante a comunicação.
Também aprendemos a trabalhar com um sistema de POS, onde cada artigo tinha o seu código, e os colegas que serviam às mesas faziam o pedido através de uma máquina, e nós no balcão recebíamos a informação e processávamos o pedido.
Na altura de proceder à Fatura/recibo, bastava na PÓS ver o número da mesa e confirmar todo o pedido com o cliente, confirmar meio de pagamento (multibanco ou dinheiro), em caso de dinheiro fazer a confirmação de valores e caso necessário fazer o troco. Foi muito difícil pois estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Foi nesta altura que conheci o meu marido, mas foi uma aventura que podia não ter corrido bem, mas no meu caso correu, éramos dois adolescentes eu com 16 anos ele com 20 anos, começamos a namorar em Agosto de 2003, ele já trabalhava desde os seus 16 anos e vivia só com o seu pai. Fiquei grávida ao fim de três meses de namoro, quando descobri que estava grávida já tinha 13 semanas de gravidez, e assim fui mãe de uma menina a 11 de Agosto de 2004, dei-lhe o nome de Mariana aos meus 17 anos “faltava uns dias para fazer 18”, enfim era muito nova não tinha acabado os estudos, e durante a gravidez tive de deixar a escola e o trabalho porque foi uma gravidez de risco. Após o nascimento da Mariana e do tempo de amamentação, coloquei-a numa Ama da Santa casa da Misericórdia e fui trabalhar.
Como não tinha estudos nem experiência profissional, não foi fácil pois todos os trabalhos que conseguia não tinham horários compatíveis com os horários da Ama e de quem tem um filho bebé.
De 2005 e 2006 foram dois anos difíceis, os meus trabalhos não eram certos estava um mês aqui outro ali e sempre a saltar, a experiência que tive nesta época que eu mais valorizo, foram 6 meses que fiz num escritório de contabilidade de uma amiga que tinha a sua colaboradora de baixa médica e eu fui fazer a sua substituição, sem qualquer experiência, aprendi muito, como não havia muito tempo para me ensinarem, eu aprendi a organizar documentos consultando pastas dos meses anteriores, e proceder a mesma sequencialização, e assim fui aprendendo a organização. Aprendi a organizar documentos (por datas, clientes e fornecedores), fazer cálculos de IVA** processamento de salários. Regra geral, a organização mensal da pasta dos documentos de contabilidade é uma das tarefas que fica a cargo do contabilista/Técnico Oficial de Contas.
** Exemplo: Sabendo qual a taxa aplicável, podemos calcular o IVA.
Apresentam-me um orçamento de 50,00 euros para reparar o meu computador, valor sem IVA. A taxa é de 23%,
50,00 x 0,23 = 11,50
Os 11,50 que resultam da multiplicação são os 23% de IVA. Para encontrar o valor final a pagar, basta somar esse valor ao preço base de 50,00 euros.
50,00 + 11,50 = 61,50
Logo, pagaria pela reparação 61,50 euros.
Podemos chegar de forma mais rápida, e mais simples, a este valor final. Bastaria efetuar a seguinte operação:
50,00 x 1,23 = 61,50
Mas tratando-se de uma tarefa simples e relativamente “fácil” de executar, estava a meu cargo, não exigia conhecimentos técnicos de contabilidade, mas algo morosa. De forma geral um exemplo da organização:
Separador 1. Fornecedores de bens e serviços
Neste separador incluir/arquivar os documentos relativos às aquisições efetuadas a fornecedores de bens ou serviços (faturas, faturas-recibo, faturas simplificadas, etc.) e anexar o respetivo comprovativo de pagamento (recibo do fornecedor, cópia do cheque emitido para pagamento, comprovativo de transferência bancária.
Separador 2. Clientes
Os duplicados das faturas, faturas-recibo e faturas simplificadas emitidas devem ser incluídos/arquivados neste separador, devidamente ordenados por tipo e, dentro de cada tipo, por ordem numérica. Os recibos emitidos aos clientes podem ser incluídos neste separador, em anexo à respetiva fatura.
Separador 3. Bancos recebimentos
Neste separador incluir/arquivar os documentos bancários correspondentes a recebimentos, nomeadamente, e a título exemplificativo, os talões de depósitos efetuados, comprovativos de transferências bancárias recebidas, entre outros.
Separador 4. Bancos outros movimentos
Neste separador incluir todos os documentos bancários que não sejam relativos a recebimentos de clientes (arquivados no separador 3) nem pagamentos a fornecedores (arquivados no separador 1, junto aos documentos de compra). A título exemplificativo, podem ser incluídos neste separador os extratos bancários, eventuais comprovativos de transferências entre contas da empresa, documentos referentes a comissões bancárias e a despesas com aquisição de livros de cheques, entre outros.
Separador 5. Pessoal
Incluir/arquivar neste separador os documentos de suporte ao processamento de salários dos funcionários, bem como os respetivos recibos de vencimento e comprovativos de pagamento ao pessoal (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária).
Separador 6. Estado
Incluir/arquivar neste separador as declarações de retenções na fonte e respetivo comprovativo de pagamento (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária), guias de pagamento das contribuições para Segurança Social e respetivo comprovativo de pagamento (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária), guias de pagamento referentes a outros impostos (IVA, IUC, pagamentos por conta, IRC…) e respetivo comprovativo de pagamento (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária), etc.
Separador 7. Operações Diversas
Este separador deve incluir qualquer documento que não seja de arquivar nos restantes separadores.
Foi durante este tempo que desenvolvi capacidades de matemática, análise e conhecimentos básicos de contabilidade que é um mundo paralelo ao nosso dia a dia. Após a colaboradora voltar ao serviço eu tive de sair, mas como estava grávida coincidiu com o final da gravidez.
O ano de 2007 foi um ano de muitas emoções, os meus pais emigraram para França e eu estava grávida da minha segunda filha que nasceu dia 12 de Fevereiro e chama-se Beatriz. Para mim foi muito difícil ficar sem o apoio da minha mãe. Fiquei sozinha com o meu marido e duas bebés, e mais uma vez sem trabalho, menos mal que o meu marido tinha trabalho efetivo numa empresa de construção civil com a categoria de Oficial polivalente.
Durante todos estes anos pode sempre contar com a minha avó materna que sempre me apoiou, até com as minhas duas bebês quando a minha mãe emigrou, a minha avó ajudava-me muito, tinha dias que arranjava casas para limpar e era ela que ficava com as meninas. Foi uma segunda mãe para mim.
Em meados de Setembro decidimos emigrar para ao pé dos meus pais, à procura de mais condições de trabalho e estabilidade. Largamos tudo a casa que tínhamos, todo o seu recheio o meu marido deixou o trabalho, e fomos.
Mas para irmos como emigrantes, foi-nos aconselhado a sermos casados para termos mais ajudas do estado de França, então antes de irmos casamos pelo registo, sempre tive o sonho de casar, mas pela igreja e batizar as minha filhas, mas nesta época não era possível monetariamente, então só casamos no registo para emigrar. Fui à conservatória de Almada pedir informações de todo o procedimento: quais os documentos necessários, qual o seu custo, no entanto antes de ir à conservatória escrevi todas as perguntas numa agenda de forma a não me esquecer. Não utilizei uma linguagem formal, penso não haver necessidade para tal, pois nesse dia só fui pedir informações Foi necessário pedir as nossas certidões de nascimento e preencher um requerimento. À posterior entregar a documentação na conservatória efetuar um pagamento que já não me recordo ao certo e marcar a data. Após o casamento no registo foi necessário proceder às alterações de todos os nossos documentos de ambos. Alteração de morada, nome e estado civil no Cartão de Cidadão, carta de condução, segurança social, finanças etc. Antes de viajar fomos à segurança social preencher o formulário de cartão de saúde Europeu.
Após esta burocracia toda a família do meu marido decidiu fazer um almoço de despedida e ao mesmo tempo como se fosse o copo de água do nosso casamento foi tudo muito simples mas muito bonito e com muito amor.
Em Dezembro de 2007 emigramos, nós os 4 de carro com 20 kg aproximadamente de roupa de cada um
Foi muito bom voltar a casa da mãe, passar o natal, conhecemos família em França que não conhecíamos. Uma cultura diferente, a adaptação não foi fácil, a língua é difícil ao início mas depois com o tempo até conseguimos perceber tudo o que nos dizem, para mim o mais difícil foi falar, os Franceses não são um povo acolhedor como o nosso, mas realmente o que é triste é que existem muitos emigrantes portugueses em França, e quando nos deparamos com portugueses já emigrados há muito tempo e a saber falar bem francês, não ajudam os portugueses, fingem literalmente que não percebem o que estamos a dizer.
Tivemos a oportunidade de conhecer a Torre Eiffel, a Disneyland Paris, bem como fazer patinagem no gelo “real” (hahaha), o que se torna muito diferente das pistas de gelo artificial, mas, no entanto, é muito mas mesmo muito frio.
O meu marido começou logo a trabalhar com o meu pai, com a sua profissão de oficial na construção civil, numa empresa de portugueses, já eu comecei a fazer limpezas em casas particulares, pois não sabia a língua e era mais difícil arranjar emprego, mas já era um começo.
Os dias foram passando e estava tudo a correr bem, até certo dia recebemos uma chamada de Portugal, a minha avó estava doente. E agora? Foi o que pensei. Não podia deixar a minha avó doente sozinha e a 2000km de distância, tentamos resolver com a ajuda de amigos colocamos a minha a avó num lar, ela estava com Alzheimer galopante.
Deparada com esta situação, e sem conhecimento algum, falei com várias pessoas, familiares e amigos, onde ouvi alguns relatos de situações idênticas, contudo também fiz uma pesquisa na internet, onde li vários textos, bem como documentários. Deixo-vos aqui um pequeno resumo da doença que trancrevo: ( https://alzheimerportugal.org/pt)
“A Doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras).Esta deterioração tem como consequências alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas atividades de vida diária. O nome desta doença deve-se a Alois Alzheimer, médico alemão que em 1907, descreveu pela primeira vez a doença. À medida que as células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho e número, formam-se tranças neurofibrilhares no seu interior e placas senis no espaço exterior existente entre elas. Esta situação impossibilita a comunicação dentro do cérebro e danifica as conexões existentes entre as células cerebrais. Estas acabam por morrer e isto traduz-se numa incapacidade de recordar a informação. Deste modo, conforme a Doença de Alzheimer vai afetando as várias áreas cerebrais vão-se perdendo certas funções ou capacidades.
A Doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa
Em termos neuropatológicos, a Doença de Alzheimer caracteriza-se pela morte neuronal em determinadas partes do cérebro, com algumas causas ainda por determinar. O aparecimento de tranças fibrilhares e placas senis impossibilitam a comunicação entre as células nervosas, o que provoca alterações ao nível do funcionamento global da pessoa.”
Ao final de 2 meses estava muito pior e tínhamos recebido a notícia que o meu tio materno que estava a acompanhar a minha avó estava com cancro terminal.
Não conseguia viver a pensar que a minha avó não estava bem, e assim uma volta de 180º, peguei novamente e voltei para Portugal, embora tenha utilizado em sentido figurado, 180º na matemática é um ângulo raso, um ângulo são medidas de inclinação, que duas retas formam a partir do mesma ponto, sendo 180º, uma meia volta, utilizamos muito a expressão uma volta de 360º, uma volta completa ou 180º meia volta, que foi o que me aconteceu, mas desta vez pior, sem nada, sem casa e sem trabalho. Enfim foi difícil, estaria aqui uma eternidade para vos contar todas as voltas que dei, mas são tão difíceis e tristes que opto por não partilhar.
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Contudo tive de entender que quando uma pessoa perde uma capacidade, raramente consegue voltar a recuperá-la e aprendê-la.
Chegamos a Portugal no dia 12 de Fevereiro de 2008, exatamente no dia que a minha filha mais nova fazia 1 ano, conseguimos casa, o meu marido trabalhou, e eu fiquei em casa com a minha avó.
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Tirei-a do lar, ao fim de 6 meses de estar com ela consegui com que voltasse a andar e a comer sozinha. Durante este tempo fui tirar a carta de condução, devido ao estar com a minha avó em casa, fazia as aulas ao final do dia quando o meu marido já estava em casa, consegui completar a carta de condução em quatro meses. Fiz o teste de código e passei a primeira, e o de condução também.O que achei mais engraçado durante o código foi aprender a linguagem, ou seja a informação que os sinais nos transmitem, pelas suas formas e cores, Os sinais de trânsito servem para nos orientar e para nos manter em segurança na estrada. As formas e as cores definem o seu significado. Os de obrigação são circulares e de fundo azul. Os sinais de proibição são redondos e vermelhos. Os de perigo são triangulares e vermelhos em volta. Já os sinais de informação são quadrados ou rectangulares com o fundo azul. O STOP é muito importante: todos sabemos que parar é mesmo parar e por isso tem uma forma especial, octogonal. As formas dos nossos sinais de trânsito são figuras geométricas tais como círculos, triângulos, retângulos, quadrados, Os sinais de trânsito acabam por ser iguais a nível Mundial pelo menos as suas formas, embora em vários países existam sinais diferentes e que desconhecemos, os principais conseguimos ter conhecimento.
Imagem de https://www.noticiasautomotivas.com.br (ex: geometria) |
Contudo a reforma da minha avó era muito pequenina e não chegava para as despesas dela, então decidi tomar conta de crianças em casa “Ama no domicílio”, a melhor forma que tive de publicitar o meu trabalho, foi falando com amigos, familiares, vizinhas e passar palavra em palavra, e foi assim que consegui publicidade. Desta forma podia ter um vencimento e tomar conta da minha avó.
Durante o tempo que estive com a minha avó aprendi a mudar fraldas a um adulto, medir a tensão, medir os diabetes, foi no centro de saúde que aprendi a trabalhar com estes equipamentos, como a minha avó era considerada dependente e com insuficiência econômica, tinha acesso gratuito a todos os equipamentos necessários para garantir os seus cuidados básicos. São as enfermeiras de família que nos auxiliam neste caminho. É nos facultado os equipamentos, e panfletos com a informação de utilização, bem como panfletos de quando e como se deve de utilizar, sendo que a primeira vez é feito na nossa presença de forma e exemplificar.
Ex: Panfletos Diabetes |
Ex: Tabela de medição de diabetes |
Além disso, tive de procurar alimentação adequada às suas necessidades com mais ou menos vitaminas, proteínas, hidratos e muitos outros, toda a alimentação que comprava eu tinha que ler o rótulo para saber os seus componentes bem como as tabelas, quando não consegui encontrar a informação que pretendia, fazia uma pesquisa na internet dos alimentos que contenham a vitamina que precisava ou o componente.
Por exemplo:
Na imagem seguinte eu tenho acesso a tabela nutricional por 100ml, contudo eu tenho embalagens de 200ml, então eu sei que:
100 ml contém 10g de proteínas
100 ml contém 150 Kcal
ou seja, se vou ingerir 200 ml, tenho de
10g x 2 = 20g
150Kcal x 2 = 300 Kcal
Em cada 200 ml ingeridos tenho um consumo de 20 g de proteínas e 300 Kcal. E desta forma proceder com todos os ingredientes na tabela.
Vitaminas |
Informação nutricional por 100ml |
Como ela era acamada tínhamos uma equipa de enfermeiros que a visitava com regularidade, onde tive de desenvolver mais uma competência, fazer pensos e diagnosticar necessidade de intervenção médica, as pessoas acamadas acabam por desenvolver feridas (escaras) em várias partes do corpo que necessitam de cuidados devido à pressão corporal. Estas feridas tinham de ser bem limpas com compressas esterilizadas, com betadine e depois é colocado um penso próprio com medicação. Não é fácil, uma pessoa com alzheimer ainda por cima nosso familiar, é muito duro, ver a decadência física e psicológica.
Quando comecei a tomar conta de crianças só aceitei 4, porque tinha a minha avó, e no final do dia as minhas filhas.
Foi uma experiência única, eu sempre tive o sonho de ser educadora de infância, mesmo não sendo estava a desenvolver o meu gosto profissional, de uma forma diferente e com outras capacidades, mas era feliz.
Todos os dias de manhã tinha de tratar bem cedo da higiene e alimentação da minha avó pois a partir das 7:30h recebia os meninos.
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Durante a manhã desenvolvia algumas atividades com as crianças, jogos, como legos, puzzles, leitura, quando lia um livro às crianças é muito gratificante, pois é uma leitura com interação, à necessidade de durante a leitura ir mostrando as imagens para dar imaginação às crianças. Elas são algo de muito gratificante,a sua imaginação e inocência, desenho entre outras, tinha que planejar bem os trabalhos a desenvolver bem como os materiais a utilizar. Sempre com o objetivo de ajudar no desenvolvimento de cada criança e na aquisição de conhecimento, tive algumas dificuldades em conciliar os trabalhos em grupos devido às várias faixas etárias, a criança mais pequena tinha 4 meses e a mais velha tinha 5 anos. A alimentação das crianças era trazida pelos pais, quando chegavam já traziam o pequeno almoço tomado, fazíamos o lanche da manhã por volta das 10:00hrs, entre as 11:30 e o 12:00 o almoço, á tarde o primeiro lanche ás 15:30 e o segundo entre as 17:00 e as 17:30hrs, a partir das 18:00hrs os pais começavam a vir buscar, após esta hora era hora de ir buscar as minhas filhas a escola/cresce, de regresso a casa, começava um “novo dia” hora de banho, ajuda nos trabalhos de casa, jantar e ainda a higiene da minha avó, quando tudo já dormia tinha de limpar a casa muito bem, pois no dia seguinte voltava a rotina e as crianças tinha que ter o espaço todo limpo para as atividades.
Os meus meninos(as)… |
Não posso dizer que foi fácil, não foi, mas foi gratificante, conseguir um rendimento e ainda cuidar de quem sempre cuidou de mim.
Cresci como pessoa, pois abdicar de tudo para ficar em casa com a minha avó não foi uma decisão fácil, não podia ter férias, não podia me ausentar de casa várias horas, para o meu marido não seria fácil, mas foi sempre compreensível e sempre me apoiou no que podia, para as minha filhas também foi difícil, no início era uma festa mas quando se aperceberam que iam cedo para escola/creche e que a mãe ficava em casa com outras crianças, não compreendiam o porquê, normal eram muito pequeninas. Mas tudo se conseguiu, e vivemos até 2015 assim. No final de 2015 fiquei grávida de novo, não estava nada à espera, pois, a minha filha mais velha já tinha 11 anos e a mais nova 9, e eu estava muito cansada do trabalho com a minha avó e as crianças, já eram muitos anos, sem férias ou descanso e sem tempo para mim, eu não queria ter mais filhos, foi muito difícil psicologicamente aceitar novamente o início de tudo noites sem dormir, consultas, fraldas etc.... Mas assim foi, mais uma menina, no decorrer da gravidez aos 4 meses tive complicações de descolamento da placenta devido ao esforço do trabalho com a minha avó e as crianças, arranjei uma pessoa para me ajudar durante esse período, entre os 6/7 meses de gravidez, a minha avó teve uma paragem renal em que foi para o hospital e ficou internada, infelizmente não resistiu e acabou por falecer, eu fiquei muito abalada até que a menina quis nascer mais cedo, por sorte e no HGO conseguiram a estabilizar e acabei por ter de fazer repouso o resto da gravidez.
A Carolina nasceu no dia 01-06-2016, é a luz dos meus olhos, pois foi muito difícil o seu nascimento, durante o parto a Carolina ingeriu líquido amniótico, o que é muito prejudicial nos bebés recém-nascidos, quando nasceu era só médicos à minha volta, não pode ver a minha filha não a deixaram chorar para não abrir os pulmões para o líquido não se alojar, eram tubos para todo o lado para a aspirar, e eu ali sem poder fazer nada, foi um parto completamente natural sem anestesia sem nada pois não havia tempo a Carolina estava com pressa e ainda bem pois se demorasse mais um pouco não tinha sobrevivido por ter ingerido o líquido, o parto teve uma duração de 13 minutos, mas para mim foi o tempo mais longo da minha vida, é uma sensação não dá para explicar, a nossa impotência, foram horas difíceis, ela foi levada para os cuidados intensivos, pois não respirava sozinha tinha que estar ligada às máquinas, os médicos só diziam as próximas horas são cruciais. A Carolina nasceu às 10h da manhã e eu só a conheci às 17h da tarde, quando me deixaram levantar e ir a UTI, é uma impotência vermos o nosso filho ali ligado às máquinas e não poder fazer nada. Foi assim durante 5 dias, e eu ali fiquei não arredei pé da incubadora, a equipa médica 5* não tenho razão de queixa foram equipas excepcionais, e no fim ficou tudo bem a Carolina foi uma guerreira e recuperou bem hoje já tem 6 anos e é uma menina muito inteligente.
Devido ao fato de todas as características da Carolina foi sempre acompanhando o seu crescimento ao pormenor como por exemplo:
Já ouvimos falar variadíssimas vezes sobre o Percentil (P) dos nossos filhos, no boletim de saúde infantil e juvenil encontrámos uns gráficos de cor azul ou rosa dependendo do género do nosso filho, estes chamam-se curvas de crescimento infantil e são um indicador importante para acompanhar a evolução do peso e do comprimento do nossos filhos.
No boletim de saúde infantil e juvenil, na página 8, temos o gráfico abaixo. No eixo/linha horizontal temos a idade em meses e anos e no eixo/linha vertical temos o peso em quilogramas. As linhas curvas indicam o P, no final de cada uma há um número que o enumera, de baixo para cima, temos o P3, P15, P50, P85 e P97. Da mesma forma que o P tem uma designação (Percentil) os números correspondem à percentagem,com peso inferior a este valor.
Ou seja, exemplificando: P50 aos 12 meses significa que, 50% das crianças, têm peso inferior a….
Tabela de boletim de saúde infantil |
Legenda:
Ponto Preto (abaixo P3): Baixo peso severo
Ponto Azul (entre P3 e P15): Baixo peso
Ponto Verde (entre P15 e P85): Peso normal
Ponto Laranja (entre P85 e P97): Possível excesso de peso
Ponto Vermelho (acima P97): Possível excesso de peso
Exemplificando:
A Carolina tem 6 meses e pesa 6,900 kg, no ponto dos 6 meses desenhamos uma reta vertical, tal como no gráfico acima a azul, e depois no ponto do peso desenhamos uma reta horizontal, o ponto em que estas duas retas se cruzam é o nosso resultado. A Carolina está próxima da curva do P50, logo está dentro da normalidade. Na página seguinte temos o gráfico abaixo, funciona tal como o anterior mas corresponde ao comprimento/altura, logo no eixo vertical temos o comprimento em centímetros.
Tabela de boletim de saúde infantil |
Legenda:
Ponto Preto (abaixo P3): Baixo comprimento severo
Ponto Azul (entre P3 e P15): Baixo comprimento
Ponto Verde (acima P15): Comprimento normal
Exemplificando:
A Carolina mede 64,3 cm, traçando as retas, verificamos que está entre o P15 e o P50, logo está dentro da normalidade. Contudo o mais importante não é se o percentil está na normalidade mas sim se existem oscilações, pois isso deve-se por vezes a questões de saúde graves.
A única sequela que tem deste incidente são espasmos do choro, ou seja, quando chora para de respirar e desmaia, mas está controlado e não tem nenhuma influência na saúde. Por tudo o que passamos decidi que todos os aniversários da Carolina iriam ser organizados ao pormenor por mim. E assim foi, a festa do 1º aninho da Carolina foi do tema Minnie e Mickey, o 2º aninho fizemos um piquenique no parque de Monsanto, como a Carolina faz anos no Dia Mundial da Criança, temos eventos gratuitos muito giros e interativos. A festa do 3º aniversário foi deslumbrante, consegui atempadamente adquirir tudo do tema que a Carolina queria, a famosa
Patrulha Pata. Fiz uma pesquisa através do meu telemóvel no Google de festas com o tema patrulha pata, vi algumas imagens de festa publicadas, e comecei a dar corda aos sapatos. Tinha um valor de 400.00€ para gastar, peguei numa agenda e comecei por fazer uma lista onde continha: Decoração: toalha, painel, balões, tapetes, molduras, mesa etc.… Lanche: sumos, sandes queijo/fiambre, pães de leite, batatas, pipocas, gelatina, salada de fruta, etc…Docinhos: Brigadeiros, mousse, baba de camelo, rebuçados, gomas etc… Bolo, convites, brindes, roupa e o melhor a prenda da Carolina. Comecei por pesquisar na internet onde comprar os adereços da decoração com o tema do aniversário mais em conta.
Lista da festa da Carolina em Excel |
Encontrei um site com o nome ALI EXPRESS, tive de descarregar a aplicação e fazer o meu registo, para poder fazer encomendas, estava um pouco preocupada pois não conhecia o serviço nem a qualidade dos produtos, mas arrisquei, pois o preço era bastante apelativo.
Festa Carolina 3 anos |
Depois como ainda faltavam três meses para a festa, fui comprando os ingredientes aos poucos cada vez que ia ao supermercado para casa. Contratei uma empresa e eventos, para, no dia da festa procederam à montagem das mesas, arco de balões bem como toda a decoração escolhida, A dois dias da festa recebi um telefonema da empresa de decoração, em que tinha acontecido um imprevisto, tinha falecido um familiar direto do responsável que também laborava na empresa e que por esse motivo durante 5 dias não iam estar a fazer qualquer trabalho. A dois dias da festa vi a minha vida a complicar-se, mas não consegui ficar chateada, infelizmente são coisas da vida. Mas eu só pensava e agora? Todas as empresas que tinha procurado eram muito caras e não aceitavam fazer a decoração das festas com material adquirido por mim, estava feita. Comecei a ver vários vídeos no Youtube de como eles faziam arcos de balões e painéis de decoração. No dia seguinte tentei treinar o arco, sem jeitinho nenhum, nada feito, e eu já muito triste, falei com vários familiares e amigos e nada. Até que na mercearia perto da minha casa onde fui comprar o pão uma senhora ouviu-me comentar a situação da festa com uma amiga, abordou-me e disse: conheço uma Senhora que iniciou agora a sua empresa de Festas infantis posso dar-lhe o contato, mora mesmo aqui perto. Fiquei muito entusiasmada e com esperança, agradeci a sua atenção e fui logo ligar à senhora, que se prontificou logo a vir a minha casa ver o espaço e qual o material que eu tinha comprado. A qual o meu espanto quando a senhora chegou a minha casa, reconheci-a, é mãe de uma amiga da turma, da minha filha Beatriz. E sem estar à espera apareceu uma solução e como costumo dizer um mundo é um quintal. A festa da Carolina correu bem e foi magnífica. Há coisas na vida que nós vivemos, em que pensamos não ter explicação, mas eu penso que tudo tem um motivo. Durante a gravidez da Carolina eu solicitei a laqueação porque não queria mais filhos e devido ao que aconteceu durante o parto eu não estava em condições para ser submetida a uma cirurgia porque eu só queria estar perto da minha filha então a laqueação foi adiada. Resultado ao fim de nove meses estava grávida de novo, pois não vos expliquei deixei para agora, sou uma das raras mulheres que tem hiper-ovulação a probabilidade de engravidar é maior. Uma mulher pode ter múltiplas ovulações em um único ciclo. Isso significa que vários ovos (mais frequentemente dois) são liberados dos ovários. Desta forma uma mulher com hiper-ovulacao tem 2x mais probabilidade de engravidar do que uma mulher com ovulação normal, são casos raros, mas algumas mulheres podem liberar dois óvulos no mesmo ciclo. “Apesar de raro, é a minha situação, pode acontecer no mesmo ciclo, liberar um óvulo de cada ovário ou dois do mesmo. O mais comum durante a ovulação, no entanto, é ocorrer a liberação de apenas um óvulo maduro para ser fecundado pelo espermatozóide - e os ovários se alternam nesta função. O motivo para a ovulação acontecer duas vezes no mesmo ciclo ainda não é muito esclarecido pela medicina. “Pode ser um fator genético ou acontecer por acaso. E para ajudar todos os métodos conhecidos não fazem efeito no meu organismo e só trazem complicações, por exemplo eu coloquei o Diu um aparelho junto aos ovários e acabei por engravidar, uma gravidez ectópica ou seja não estava dentro do útero fui submetida a uma cirurgia para retirar o feto que estava a se desenvolver nos ovários o que não seria possível, pois o nosso corpo não permite.
Com várias pilulas engravidei e acabei por ter abortos espontâneos pois estava sempre com efeitos da medicação, são episódios da minha vida que não gosto de falar pois mesmo sendo situações naturais do ciclo da vida deixam marcas e não deixamos de estar a falar ….., concluindo o único método contracetivo viável foi o emplanom um implante que colocamos no braço, que foi o que tive entre a minha segunda filha desde 2007, mas como não podia ser fácil eu tinha todos os efeitos secundários possíveis o mais grave eram as enxaquecas que chegava a ter de ficar internada com coágulo no cérbero, em 2015 tive de o retirar por motivos de saúde, e foi assim que acabei por engravidar da Carolina e do meu quarto filho.
CEAB35
CEAB31
Quando passei por esta etapa da minha vida, recordei da importância de ter votado no direito ao aborto em 2007, este direito está bem constituido, na minha opnião, sendo que passou a ser um ato medico assistido e deixou de ser um ato irresponsavel e ilegal, porque acredito que antes de ser permitido, existiam várias mulheres que o faziam ilegalmente correndo o risco da sua própria saúde. Concluindo que todas as mulheres devem ter o direito e opção de escolha dentro dos parâmetros da lei independentemente da sua raça, posição social e motivo.
CEDB36 Fui sempre acompanhada na Unidade Familiar do Pragal, com uma equipa espetacular, sem qualquer custo, o nosso País tem um sistema Nacional de saúde, onde o planeamento familiar é gratuito. Fiz uma pequena pesquisa onde encontrei uma pequena descrição que transcrevo:” O planeamento familiar é uma forma de assegurar que as pessoas têm acesso a informação, a métodos de contracepção eficazes e seguros, a serviços de saúde que contribuem para a vivência da sexualidade de forma segura e saudável. A prática do planeamento familiar permite que homens e mulheres decidam se e quando querem ter filhos, assim como programem a gravidez e o parto nas condições mais adequadas. A consulta de Planeamento Familiar assegura, também, outras atividades de promoção da saúde, tais como informação e aconselhamento sexual, prevenção e diagnóstico precoce Infeções sexualmente transmitidas, sendo totalmente gratuito, para ter acesso basta estarmos inscritos no centro de saúde da nossa área de residência”. Quando engravidei a quarta vez, fiquei a saber no dia que a Carolina fez um ano, vou confessar pensei em fazer um aborto nessa altura, não tinha capacidade para mais nem psicologicamente nem financeiramente, foi fazer uma ecografia para confirmar o tempo para saber se ainda era permitido, e o que me esperava, já estava com 14 semanas já não era possível de qualquer modo depois da ecografia e ver um bebé completamente formado e ouvir os batimentos cardíacos não tinha coragem de o fazer. Não sabia o que fazer, nem onde ir buscar mais forças estava completamente perdida, ainda não tinha recuperado do que tinha passado com a Carolina das noites sem dormir dos dias nos hospitais, e já estava grávida eu só sabia era chorar, chorar, o médico da ecografia dizia tenha calma é preciso é saúde e este bebé é perfeito e eu olho para a televisão para ver e faço uma observação: Dr. º é um menino? E o médico em tom de ironia diz não é uma menina não está a ver? E eu muito pasma a olhar respondo eu já tive 3 meninas e não é assim. E o médico diz claro que não, não está a ver aqui estas bolinhas??? É um menino, não um meninão...... aí eu ainda chorava mais e mais e mais, como era possível eu sempre quis um menino desde a primeira gravidez, e agora que ele aqui estava eu pedia tanto para ser um sonho. É na vida tudo tem um motivo. E aqui está o meu mais pequenino Daniel hoje com 5 anos é um rei no meio de tantas princesas.
Durante a gravidez do Daniel deixei de trabalhar, não estava a conseguir, tomar conta de 4 crianças, da Carolina com um ano de idade e grávida. Já para não falar da Mariana com 12 anos e da Beatriz com 10. Ainda grávida do Daniel, foi-me diagnosticado esgotamento pós-parto (da Carolina).
Mas posso acrescentar que ainda não consegui fazer a laqueação pois no parto do Daniel não havia médicos disponíveis, calma não se assustem arranjamos outra solução, como é mais rápido e simples pedimos a vasectomia do meu marido ao médico e ele conseguiu ainda fazer enquanto eu estava grávida do Daniel.
Ou seja, enquanto não mudar de marido estou bem ...hahaha. estou a brincar contínuo em lista de espera, mas sim temos o problema resolvido.
O meu marido é o melhor companheiro de sempre pois duplicou o trabalho dele de forma que ficasse em casa só com a Carolina e grávida do Daniel, para eu recuperar.
Após o nascimento do Daniel que correu muito bem, eu ainda fiquei em casa com os dois até a Carolina fazer 2 anos. Quando completou os dois anos entrou para a creche e eu fiquei só com o Daniel.
No dia 07 de Abril de 2017, consegui realizar mais um sonho, casar pela igreja e batizar os meus 4 filhos no mesmo dia. Foi um dia único, mágico. Mas para chegar a este dia, são inúmeras burocracias, como já tínhamos casado pelo registo civil, tive de ir levantar uma Certidão do Casamento Civil, Para além do certificado de casamento, e apesar de cada Igreja ter as suas normas, tive de levantar as certidões de batismo, Assento de nascimento, que tem de ser no Registo Civil da localidade em que nascemos. Nomes e Residências completas das testemunhas do casamento (padrinhos) e cópias dos respectivos documentos de identificação. Foi privilegiada em ter tempo para organizar tudo, escolher e até personalizar os convites, os brindes, o menu do copo de água até mesmo o quadro das mesas, o tema das mesas foi tudo feito por mim.
Os copos dos noivos, o cesto das alianças tudo foi escolhido e feito por mim.
Em 2018 o Daniel foi para a creche, e um novo ciclo da minha vida começou, a luta de voltar a trabalhar.
Tantos anos fora do mercado, sem um currículo de formação académica ou profissional, não seria fácil. Mas mesmo assim fui à luta, consegui um trabalho numa casa particular como ajudante de geriatria, para tomar conta de uma senhora acamada, era um bom horário de segunda a sexta-feira das 09:00hrs até as 18:00hrs, e como tinha experiência com a minha avó, consegui a vaga.
Após três semanas de trabalho, tive uma proposta de trabalho da empresa do meu marido para uma vaga para empregada de escritório, o horário de trabalho era o mesmo, mas o vencimento era superior e na empresa tinha contrato de trabalho efetivo, com subsídio de alimentação, subsídio de férias e natal, seguro de acidentes de trabalho, medicina no trabalho, com um horário de trabalho de segunda a sexta -feira das 09:00hrs até á 13:00 e das 14:00 ás 18:00, e ali onde estava não tinha, com alguma pena de deixar a senhora acamada, sabe deus nas mãos de quem, mas não tive como não aceitar.
No dia 01 de Novembro de 2018 entrei para a firma onde o meu marido trabalha como Oficial Polivalente da Construção Civil, com a categoria de empregada de escritório. A empresa tem o nome de Domus Squadra Melom, está situada na Charneca da Caparica.
Quando assinei o contrato também tive de fazer uma consulta de medicina no trabalho. A medicina do trabalho é uma especialidade médica à qual compete assegurar a vigilância adequada da saúde dos trabalhadores em função dos riscos a que se encontram expostos no seu local de trabalho e no desempenho das suas tarefas profissionais. Obrigatória por lei, a medicina do trabalho reveste-se de igual importância para trabalhadores e empresas. Com um adequado acompanhamento médico, os trabalhadores ficam protegidos contra os riscos para a sua saúde e segurança associados à função que desempenham. E foi nesta consulta que tomei conhecimento dos riscos de saúde, na minha categoria profissional, acaba por ser muito interessante, porque nós normalmente não fazemos ideia das coisas erradas que fazemos com o nosso corpo, prejudicando a nossa saúde.
No meu caso sendo empregada de escritório a postura adequada ao computador é muito importante, como por exemplo imagem abaixo:
Imagem ilustrativa de :https://sites.google.com/site/ergonomiamovimentacaocargas/2-ergonomia-trabalho-sentado |
As principais consequências de uma má postura são: dor lombar, fadiga, lesões, dor de cabeça e pescoço e muitas outras. É importante termos este conhecimento adequado a cada profissão.
O escritório está dividido em vários gabinetes, o gabinete da contabilidade, gabinete da arquiteta e peritos, gabinete da administrativa, gabinete da gerência e o armazém que se encontra dividido em duas partes: ferramentas de trabalho e materiais, eu estou no gabinete da administrativa com uma colega, ao sermos duas temos um trabalho de equipa e cumplicidade estamos sempre atentas, ajudamos, intervimos sempre que necessário e completamos o trabalho uma da outra sempre que necessário, independentemente da tarefa. Embora sejamos empregadas de escritório estamos sempre a trabalhar como equipa um exemplo, o colaborador do armazém falta ao serviço, há materiais a levantar no fornecedor e entregar em obra, qualquer um de nós pega na carrinha da empresa e vai fazer o serviço, tendo em conta que procuramos saber qual de nós tem mais disponibilidade de serviço. Somos uma empresa de remodelações, mas os nossos maiores clientes são seguradores, temos um protocolo em que somos uma unidade de reparadores certificados das companhias de seguros, ou seja, quando um segurado das companhias têm um sinistro em casa e participam á seguradora desde que esteja na nossa área geográfica é a nossa unidade que vai fazer a intervenção que tem várias fases.
Após a participação chegar à nossa unidade por e-mail, sou eu que dou início ao processo. Primeiro passo, ler o e-mail com indicações do processo, normalmente o email tem anexos em PDF, Word ou ficheiro JPL, abro todos os anexos de forma a analisar todos os documentos. Segundo passo no OneDrive da empresa dentro de uma pasta designada como seguradora. Abro uma nova pasta com o número do processo e nome do cliente, dentro desta pasta é colocado todos os documentos recebidos e enviados, bem como relatórios, fotografias e orçamentos. Terceiro passo ligar aos segurados e lesados caso exista a fazer uma marcação de visita do nosso perito fazendo a confirmação da participação bem como todos os dados, nome morada, esta visita tem de ser inserida na agenda do OneDrive de forma que o colega tenha acesso aos trabalhos diários; Quarto passo abrir um processo físico. Imprimir ficha de dados e de intervenção de forma o colega ter toda a informação necessária para a deslocação ao local.
Após a visita do perito ao local, o colega traz toda a informação necessária, desde qual a intervenção a fazer para resolver o sinistro, qual a área a intervencionar, quais os danos causados pelo sinistro e onde e se o sinistro causou danos a terceiros.
O procedimento seguinte é proceder a um relatório e uma reportagem fotográfica, que são realizados pelo perito que esteve no local. Após estes documentos serem concluídos eu tenho como função de proceder a um orçamento, com base nos relatórios do colega e fotografias bem com um croqui com metragens.
De forma a conseguir efetuar o orçamento tenho vários pontos de avaliação, por exemplo:
Um sinistro de rutura de uma bicha de ligação flexivél do bidè, provocou uma inundação pela fração.
Áreas afetadas: Quarto, Sala, Hall de entrada
Danos Quarto: - pavimento, rodapé e paredes em estuque
(Larg. 3m x Comp. 2.8m)
Danos Sala - pavimento, rodapé e paredes em estuque
Larg. 5m x Comp. 3.8m)
Danos Hall de entrada - pavimento, rodapé e paredes em estuque
Larg. 1 mx Comp. 2.4m)
PD*. em toda a fração 2.60m
* Pé-direito - O pé direito útil consiste na altura livre entre o piso e o tecto, ou seja é uma expressão da língua portuguesa muito utilizada em arquitetura, engenharia e em construções em geral, que indica a distância do pavimento ao teto.
Começo por avaliar as fotografias que o perito trouxe, e faço a avaliação das áreas a intervencionar ou seja se tem móveis, a tipologia do pavimento, a qualidade da tinta etc,,
Depois começo por fazer um articulado das funções/tarefas a realizar bem como os materiais a adquirir, o orçamento é feito por fração e por ordem de trabalhos, após o articulado estar completo, proceder aos cálculos das metragens de forma a ter as quantidades de materiais a adquirir bem como tempo de mão de obra.
Área para aquisição de pavimento flutuante: Largura x Comprimento ( deve- se somar 10% ao resultado final para aquisição de materiais para desperdício, este valor é um valor de referência deve se ter em atenção a geometria da área a intervencionar)
O perímetro: soma-se todos os lados da divisão, que normalmente tem uma forma de retângulo ou quadrado, conseguimos ter os metros lineares para aquisição de rodapé para aplicação.
Estes orçamentos são efetuados em Excel, que são convertidos para PDF e enviados por e-mail para o gestor do processo da companhia, após esta avaliação recebemos a autorização para avançar ou não com os trabalhos.
Orçamento em formato Excel |
Orçamento em formato PDF |
Quando iniciei o meu trabalho na empresa não tinha qualquer conhecimento de companhias de seguros e de todos os procedimentos necessários de cada processo, hoje já consigo realizar todas as tarefas sozinha. Para conseguir realizar os orçamentos sozinha desenvolvi uma tabela de preços, no Excel, com todos os materiais que a empresa dispõe onde tenho uma base de dados de fornecedores.
Tabela/Agenda de fornecedores |
Tabela Preços |
Nesta tabela os valores apresentam-se de várias formas: valor sem IVA; valor do desconto; valor com desconto e valor total ou seja com IVA e desconto. Ex: saco cimento cola cinza Weber Flex S 25Kg - 8.50€ S/Iva
Desconto 25%
Ou seja: 25%=0,25
o valor do desconto é:
8.50x0,25 =2,12
8.50-2,12= 6,38€42
Tenho o valor de gasto real para a empresa, no final temos o valor da aquisição com IVA
6,38x1,23=7,85
O valor do saco de cimento com 25% de desconto e com IVA è de 7,85€
Estes valores estão desenvolvidos numa tabela excel com células formatadas com cálculos de forma a simplificar o nosso trabalho de inserção de dados, basta inserir o valor do produto e qual o desconto aplicado, a partir daí as fórmulas trabalham os valores.
Também já desenvolvi um ficheiro em Excel que funciona como base de dados de processos, ou seja, cada processo novo inserimos na base de dados com os elementos mais importantes,nome, morada, contatos telefónicos e o estado do processo, cada vez que existe alguma alteração no processo procedemos à sua actualização. Sempre que necessário fazemos consulta e o ficheiro dá-nos respostas como por exemplo: o número de processos por mês que realizamos, se estão concluídos de forma a faturar, se aguardamos autorização por parte da companhia e muito mais. Desta forma conseguimos controlar o volume de trabalho bem como quando somos questionados seja pela companhia ou pelos segurados do ponto de situação atual, conseguimos ter uma resposta pronta e certeira. Contudo, salvaguardamos que qualquer um de nós tenha acesso ao ficheiro e aos processos de forma a dar continuidade ao trabalho caso exista alguma ausência.
Controlo de processos |
CEBB - 09-02-2022
Em junho de 2021, efetuei um orçamento para execução de uma piscina. O trabalho passava por remoção de todo o revestimento cerâmico, regularização de paredes, quedas de água, bem como todo o fornecimento de material.
Durante o orçamento foi necessário efetuar todos os cálculos para aquisição de materiais.
Após o orçamento ser entregue e adjudicado, quando iniciámos a programação de encomendas, deparei-me com um enorme erro no cálculo da metragem do fornecimento de revestimento cerâmico. Acabei por perceber que nos cálculos não se encontrava incluída a área do fundo da piscina, ou seja um lapso nos cálculos.
Considerando que eram muitos metros de material e que não tínhamos margem no orçamento. Resolvemos falar com o cliente, que de imediato ficou super insatisfeito, pois o trabalho já estava adjudicado e que só o fez pelo o valor estar de acordo com as suas possibilidades, e que com este erro o valor aumentava e muito.
Sendo um erro meu eu estava completamente desesperada e desorientada, com o prejuízo que eu ia dar à empresa.
Tínhamos de arranjar uma solução, então eu e a minha colega colocamos a hipótese de existir o mesmo revestimento cerâmico em outro fornecedor mais barato.
Este revestimento estava orçamentado pelo valor de 22.00€ m2 e para 125m2, nós precisávamos de mais 32 m2 .
Nós as duas começamos a ligar e a enviar e-mails para todos os fornecedores e mais alguns a solicitar votação para o revestimento cerâmico com a mesma referência. Ao fim de dois dia recebemos um e-mail de um fornecedor com cotação inferior, conseguimos um valor de 15m2. Conclusão, conseguimos ultrapassar o problema em equipa e ainda no fim poupamos dinheiro.
Nos meus tempos livres tenho dois hobbies, um deles é na tarde de domingo, passar a tarde no meu sofá a ver televisão, é sagrado. O outro é voluntariado, faço com um grupo de amigos, para uma associação. O meu trabalho de voluntariado passa por uma vez na semana recolher alimentos numa pastelaria no horário de fecho e ir entregar a algumas famílias carenciadas. Todos nós temos um dia da semana, está organizado a distribuição por zonas, cada um faz a distribuição às famílias mais próximas da nossa residência, contudo quando não é possível a algum de nós fazer o nosso dia por motivos alheios, trocamos uns com os outros, porque o importante é não deixar as famílias sem a nossa visita, para além da alimentação recolhemos roupa/brinquedos de todo o género e idades, fazemos uma triagem de agregado familiar e depois dividimos a roupa angariada.
Decidi voltar a estudar, embora esteja ativa profissionalmente, ainda não perdi a esperança de um dia conseguir alcançar o meu sonho que é ser educadora de infância. O meu objetivo a longo prazo é concluir o 9ºano, a posterior um curso profissional de Acção Educativa com equivalência ao 12º ano, para depois fazer um Curso Superior ou um CET. Se me perguntarem se vou conseguir, não sei, pois, mãe de quatro filhos não é fácil, muito menos financeiramente. Agora o foco é o 9º ano, o resto vai com o tempo. É muito bom ser mãe, mas é difícil não trazem livro de instruções, eu costumo dizer uma coisa engraçada: “Tudo é uma fase. Fase das cólicas, fase dos dentes, fase dos porquês… é tudo uma fase, mas a que vem a seguir é sempre pior!” Para mim a fase da adolescência é terrível ainda para mais nesta época em que vivemos “online”, os perigos atuais da sociedade são muito superiores às antigas. É muito bom termos evoluído tecnologicamente, mas muito perigoso. Por ter duas filhas na adolescência tenho todas as aplicações é Instagram, Ticktock, WhatsApp, em algumas aplicações não percebo nada daquilo, mas foi a forma que arranjei para poder ter acesso aos conteúdos da internet. Hoje em dia tudo é possível pelas aplicações, eu faço a gestão dos meus educandos pela plataforma da escola, consigo consultar diariamente/semanalmente como entender as faltas, faltas de atraso, trabalhos de casa/grupo, comportamento, notas etc.
Os almoços são marcados mais uma vez por uma plataforma, no meu caso pertence à Câmara de Almada.
Eu faço tudo no computador, são alterações de morada, no serviço online do Cartão de Cidadão, e na Segurança Social Direta, Finanças.
Desde muito cedo que tenho tido experiências profissionais em que não tenho conhecimento nem formação académica, mas tenho uma coisa, motivação e força de vontade de aprender. Um dos métodos que utilizo mais é o GOOGLE “dicionário dos burros” é assim que lhe chamo “a brincar”.
Foi no campo de busca da internet que coloquei as minhas dúvidas muitas vezes. Um exemplo o Excel, fazer fórmulas ou gráficos, eu aprendi a ver vídeos no Youtube com explicações de como proceder a todos os passos, ainda hoje quando tenho dúvidas, sim porque não sei tudo e procurar ajuda muitas vezes, até por vezes de coisas que já fizemos e não nos lembramos. Hoje estou aqui a escrever a minha autobiografia para o processo de RVCC, de forma a tentar concluir o 9ºano.
O meu nome é Ana Cristina Lourenço Carvalho Honorato, tenho 35 anos, nasci a 19 de Agosto de 1986, moro na Sobreda, sou casada há 18 anos, tenho 4 filhos, trabalho numa empresa de construção civil há quase 3 anos, como empregada de escritório, mas a minha principal função é orçamentista para companhias de seguro.
Foi na maternidade Alfredo da Costa que a minha mãe deu à luz pela primeira vez, mas antes da minha chegada ao mundo, meu pai já tinha a minha irmã, Elizabete. Temos 6 anos de diferença, a minha irmã foi criada com a mãe, por esse motivo eu considero me filha única, embora tenha uma irmã que não vivia comigo, mas temos até hoje uma ligação especial, somos irmãs como muitos não são. A minha infância foi cheia de alegria, amor e brincadeira. A minha mãe é estofadora, uma profissão de família, pois a minha avó materna tinha uma oficina de estofos e foi lá que eu passei a maior parte da minha infância. Quando eu nasci a minha mãe só tinha 16 anos por isso a minha avó materna ajudou na minha criação, embora vivesse com o meu pai e a minha mãe na nossa casa, era na oficina que a minha mãe trabalhava que eu passava os dias, então até aos meus seis anos eu todos os dias estava com a minha avó materna e tios maternos. Conheço muito bem a profissão teoricamente, mas na prática só algumas coisas pois nunca me despertou interesse profissionalmente, considero uma profissão magnífica, mas não para mim, pois existem profissões que tem de ser ter um “dom” os trabalhos manuais não são para todos.
Comecei a escola primária com seis anos, conhecida como Escola das Meninas, eu pensava na altura que era mesmo só meninas mas afinal não, era só o nome, mas foi me contado pelos meus avós que já tinha sido mesmo só uma escola de meninas, mas na época deles, eu vivia na rua da escola mesmo em frente, era só atravessar a passadeira e estava na escola, lembro me também que existia uma padeira no meu prédio, onde todos os dias comprava o pão e a senhora dava me um suspiro branco grande, ainda hoje lembro-me do cheiro sabor e textura. Completei o quarto ano e mudei de escola para o ensino básico, para a escola António da Costa ainda hoje tem o mesmo nome, conheci novos amigos onde criei laços até hoje.
Na passagem do sexto ano para o Sétimo voltei a ter de mudar de escola, pois tinha mudado de residência e pela morada pertencia a outra escola, foi então que mudei para a escola Elias Garcia, hoje conhecida como Cacilhas Tejo, na altura a escola era básica e secundária hoje é secundária, lembro-me de serem contentores e não edifícios, vi os edifícios de hoje serem construídos, na altura a escola foi dividida em duas partes uma onde tínhamos aulas outra onde começaram a construir os edifícios, quando parte dos edifícios estavam construídos trocamos, fomos para os edifícios e a outra parte dos contentores começaram a construir mais edifícios ou seja posso dizer que estreamos os edifícios novos, foi uma loucura, tínhamos uma sala com aquecimento, quadros com uma boa iluminação, casas de banho completas para nós na altura foi muito importante, completei o 8ºano, nesta época já tínhamos a disciplina TIC onde aprendi a trabalhar com um computador a perceber o que é o software e hardware e a mexer no Word e ter alguma noção da internet. Nesta época ainda não tínhamos a internet tão desenvolvida.
Na minha adolescência o tempo era repartido entre a escola, natação e os amigos, vivi na transição do tempo em que não havia telemóveis e íamos para a rua brincar e tocamos as campainhas para chamar os amigos para brincar, mas quando chegou os telemóveis foi muito engraçado, eu tive um cor-de-rosa, o ecrã era pequeno e tínhamos que contar as letras que escrevemos, pois, as mensagens tinham limite de carateres. Também tivemos a transação da nossa moeda de escudos para euros, no princípio foi complicado, mas penso que para todos, o mais engraçado foi ter de ajudar a minha avó e as “velhinhas do café” a fazer contas para pagar e de troco, coitadinhas, mas também conseguiram.
Com os meus 16 anos comecei a trabalhar num restaurante no Fórum Almada quando inaugurou, era um part-time das 19:00hrs às 24:00hrs, foi uma experiência muito boa para mim. Foi nesta experiência profissional que tive primeiramente contato com o público, aprendi a servir às mesas, passei muito tempo no balcão onde aprendi a tirar cafés, cervejas bem como outras bebidas, na altura tínhamos um sistema de POS, onde cada artigo tinha o seu código, e os colegas que serviam às mesas faziam o pedido através de uma máquina, e nós no balcão recebíamos a informação e processávamos o pedido. Na altura de proceder à Fatura/recibo, bastava na PÓS ver o número da mesa e confirmar todo o pedido com o cliente, confirmar meio de pagamento (multibanco ou dinheiro), em caso de dinheiro fazer a confirmação de valores e caso necessário fazer o troco. Foi muito difícil pois estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Foi nesta altura que conheci o meu marido, mas foi uma aventura que podia não ter corrido bem, mas no meu caso correu, éramos dois adolescentes eu com 16 anos ele com 20 anos, começamos a namorar em Agosto de 2003, ele já trabalhava desde os seus 16 anos e vivia só com o seu pai. Fiquei grávida ao fim de três meses de namoro, quando descobri que estava grávida já tinha 13 semanas de gravidez, e assim fui mãe de uma menina a 11 de Agosto de 2004, dei-lhe o nome de Mariana aos meus 17 anos “faltava uns dias para fazer 18”, enfim era muito nova não tinha acabado os estudos, e durante a gravidez tive de deixar a escola e o trabalho porque foi uma gravidez de risco. Após o nascimento da Mariana e do tempo de amamentação, coloquei-a numa Ama da Santa casa da Misericórdia e fui trabalhar.
Como não tinha estudos nem experiência profissional, não foi fácil pois todos os trabalhos que conseguia não tinham horários compatíveis com os horários da Ama e de quem tem um filho bebe.
De 2005 e 2006 foram dois anos difíceis, os meus trabalhos não eram certos estava um mês aqui outro ali e sempre a saltar, a experiência que tive nesta época que eu mais valorizo, foram 6 meses que fiz num escritório de contabilidade de uma amiga que tinha a sua colaboradora de baixa médica e eu fui fazer a sua substituição, sem qualquer experiência, aprendi muito, aprendi a organizar documentos (por datas, clientes e fornecedores), fazer cálculos de IVA** processamento de salários. Regra geral, a organização mensal da pasta dos documentos de contabilidade é uma das tarefas que fica a cargo do contabilista/Técnico Oficial de Contas.
** Exemplo: Sabendo qual a taxa aplicável, podemos calcular o IVA.
Apresentam-me um orçamento de 50,00 euros para reparar o meu computador, valor sem IVA. A taxa média é de 23%,
50,00 x 0,23 = 11,50
Os 11,50 que resultam da multiplicação são os 23% de IVA. Para encontrar o valor final a pagar, basta somar esse valor ao preço base de 50,00 euros.
50,00 + 11,50 = 61,50
Logo, pagaria pela reparação 61,50 euros.
Podemos chegar de forma mais rápida, e mais simples, a este valor final. Bastaria efetuar a seguinte operação:
50,00 x 1,23 = 61,50
Mas tratando-se de uma tarefa simples e relativamente “fácil” de executar, estava a meu cargo, não exigia conhecimentos técnicos de contabilidade, mas algo morosa. De forma geral um exemplo da organização:
Separador 1. Fornecedores de bens e serviços
Neste separador incluir/arquivar os documentos relativos às aquisições efetuadas a fornecedores de bens ou serviços (faturas, faturas-recibo, faturas simplificadas, etc.) e anexar o respetivo comprovativo de pagamento (recibo do fornecedor, cópia do cheque emitido para pagamento, comprovativo de transferência bancária.
Separador 2. Clientes
Os duplicados das faturas, faturas-recibo e faturas simplificadas emitidas devem ser incluídos/arquivados neste separador, devidamente ordenados por tipo e, dentro de cada tipo, por ordem numérica. Os recibos emitidos aos clientes podem ser incluídos neste separador, em anexo à respetiva fatura.
Separador 3. Bancos recebimentos
Neste separador incluir/arquivar os documentos bancários correspondentes a recebimentos, nomeadamente, e a título exemplificativo, os talões de depósitos efetuados, comprovativos de transferências bancárias recebidas, entre outros.
Separador 4. Bancos outros movimentos
Neste separador incluir todos os documentos bancários que não sejam relativos a recebimentos de clientes (arquivados no separador 3) nem pagamentos a fornecedores (arquivados no separador 1, junto aos documentos de compra). A título exemplificativo, podem ser incluídos neste separador os extratos bancários, eventuais comprovativos de transferências entre contas da empresa, documentos referentes a comissões bancárias e a despesas com aquisição de livros de cheques, entre outros.
Separador 5. Pessoal
Incluir/arquivar neste separador os documentos de suporte ao processamento de salários dos funcionários, bem como os respetivos recibos de vencimento e comprovativos de pagamento ao pessoal (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária).
Separador 6. Estado
Incluir/arquivar neste separador as declarações de retenções na fonte e respetivo comprovativo de pagamento (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária), guias de pagamento das contribuições para Segurança Social e respetivo comprovativo de pagamento (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária), guias de pagamento referentes a outros impostos (IVA, IUC, pagamentos por conta, IRC…) e respetivo comprovativo de pagamento (cópia de cheque e/ou comprovativo de transferência bancária), etc.
Separador 7. Operações Diversas
Este separador deve incluir qualquer documento que não seja de arquivar nos restantes separadores.
Foi durante este tempo que desenvolvi capacidades de matemática, análise e conhecimentos básicos de contabilidade que é um mundo paralelo ao nosso dia a dia. Após a colaboradora voltar ao serviço eu tive de sair, mas como estava grávida coincidiu com o final da gravidez.
O ano de 2007 foi um ano de muitas emoções, os meus pais emigraram para França e eu estava grávida da minha segunda filha que nasceu dia 12 de Fevereiro e chama-se Beatriz. Para mim foi muito difícil ficar sem o apoio da minha mãe. Fiquei sozinha com o meu marido e duas bebés, e mais uma vez sem trabalho, menos mal que o meu marido tinha trabalho efetivo numa empresa de construção civil com a categoria de Oficial polivalente.
Durante todos estes anos pode sempre contar com a minha avó materna que sempre me apoiou, até com as minhas duas bebês quando a minha mãe emigrou, a minha avó ajudava-me muito, tinha dias que arranjava casas para limpar e era ela que ficava com as meninas. Foi uma segunda mãe para mim.
Em meados de Setembro decidimos emigrar para ao pé dos meus pais, à procura de mais condições de trabalho e estabilidade. Largamos tudo a casa que tínhamos, todo o seu recheio o meu marido deixou o trabalho, e fomos.
Mas para irmos como emigrantes, foi nos aconselhado a sermos casados para termos mais ajudas do estado de França, então antes de irmos casamos pelo registo, sempre tive o sonho de casar, mas pela igreja e batizar as minha filhas, mas nesta época não era possível monetariamente, então só casamos no registo para emigrar. Fui à conservatória de Almada pedir informações de todo o procedimento: quais os documentos necessários, qual o custo, tive de pedir as nossas certidões de nascimento, preencher um requerimento, ao entregar a documentação na conservatória efetuar um pagamento que já não me recordo ao certo e marcar a data. À posterior tivemos de fazer a alteração a todos os nossos documentos, Cartão de Cidadão, carta de condução, segurança social, finanças etc. Antes de viajar fomos à segurança social preencher o formulário de cartão de saúde Europeu. Após esta burocracia toda a família do meu marido decidiu fazer um almoço de despedida e ao mesmo tempo como se fosse o copo de água do nosso casamento foi tudo muito simples, mas muito bonito e com muito amor.
Em Dezembro de 2007 emigramos, nós os 4 de carro com 20 kg de roupa de cada um +/-.
Foi muito bom voltar a casa da mãe, passar o Natal, conhecemos família em França que não conhecíamos. Uma cultura diferente, a adaptação não foi fácil, a língua é difícil ao início mas depois com o tempo até conseguimos perceber tudo o que nos dizem, para mim o mais difícil foi falar, os Franceses não são um povo acolhedor como o nosso, mas realmente o que é triste é que existem muitos emigrantes portugueses em França, e quando nos deparamos com portugueses já emigrados há muito tempo e a saber falar bem francês, não ajudam os portugueses, fingem literalmente que não percebem o que estamos a dizer.
Tivemos a oportunidade de conhecer a Torre Eiffel, a Disneyland Paris, bem como fazer patinagem no gelo “real” (hahaha), o que se torna muito diferente das pistas de gelo artificial, mas, no entanto, é muito, mas mesmo muito frio.
O meu marido começou logo a trabalhar com o meu pai, com a sua profissão de oficial na construção civil, numa empresa de portugueses, já eu comecei a fazer limpezas em casas particulares, pois não sabia a língua e era mais difícil arranjar emprego, mas já era um começo.
Os dias foram passando e estava tudo a correr bem, até certo dia recebemos uma chamada de Portugal, a minha avó estava doente. E agora? Foi o que pensei. Não podia deixar a minha avó doente sozinha e a 2000km de distância, tentamos resolver com a ajuda de amigos colocamos a minha a avó num lar, ela estava com Alzheimer galopante. Ao final de 2 meses estava muito pior e tínhamos recebido a notícia que o meu tio materno que estava a acompanhar a minha avó estava com câncer terminal.
Não conseguia viver a pensar que a minha avó não estava bem, mais uma volta de 360º, peguei novamente e voltei para Portugal, mas desta vez pior, sem nada, sem casa e sem trabalho. Enfim foi difícil, estaria aqui uma eternidade para vos contar todas as voltas que dei, mas são tão difíceis e tristes que opto por não partilhar.
Chegamos a Portugal no dia 12 de Fevereiro de 2008, exatamente no dia que a minha filha mais nova fazia 1 ano, conseguimos casa, o meu marido trabalho e eu fiquei em casa com a minha avó, tirei ela do lar, ao fim de 6 meses de estar com ela consegui com que voltasse a andar e a comer sozinha. Durante este tempo fui tirar a carta de condução, devido ao estar com a minha avó em casa, fazia as aulas ao final do dia quando o meu marido já estava em casa, consegui completar a carta de condução em quatro meses. Fiz o teste de código e passei a primeira, e o de condução também. O que achei mais engraçado durante o código foi aprender a linguagem, ou seja, os sinais transmitem-nos informação, pelas suas formas e cores. Contudo a reforma da minha avó era muito pequenina e não chegava para as despesas dela, então decidi tomar conta de crianças em casa “Ama no domicílio”, a melhor forma que tive de publicitar o meu trabalho, foi falando com amigos, familiares, vizinhas e passar palavra em palavra, e foi assim que consegui publicidade. Desta forma podia ter um vencimento e tomar conta da minha avó.
Durante o tempo que estive com a minha avó aprendi a mudar fraldas a um adulto, medir tensão, medir diabetes, a procurar alimentação adequada às suas necessidades com mais ou menos vitaminas, proteínas, hidratos e muitos outros. Como ela era acamada tínhamos uma equipa de enfermeiros que a visitava com regularidade, onde tive de desenvolver mais uma competência, fazer pensos e diagnosticar necessidade de intervenção médica, as pessoas acamadas acabam por desenvolver feridas (escaras)em várias partes do corpo que necessitam de cuidados devido à pressão corporal. Estas feridas tinham de ser bem limpas com compressas esterilizadas, com betadine e depois é colocado um penso próprio com medicação. Não é fácil, uma pessoa com alzheimer ainda por cima nosso familiar, é muito duro, ver a decadência física e psicológica.
Quando comecei a tomar conta de crianças só aceitei 4, porque tinha a minha avó, e no final do dia as minhas filhas.
Foi uma experiência única, eu sempre tive o sonho de ser educadora de infância, mesmo não sendo estava a desenvolver o meu gosto profissional, de uma forma diferente e com outras capacidades, mas era feliz.
Todos os dias de manhã tinha de tratar bem cedo da higiene e alimentação da minha avó pois a partir das 7:30h recebia os meninos.
Durante a manhã desenvolvia algumas atividades com as crianças, jogos, como legos, puzzles, leitura, quando lia um livro às crianças é muito gratificante, pois é uma leitura com interação, à necessidade de durante a leitura ir mostrando as imagens para dar imaginação às crianças. Elas são algo de muito gratificante, a sua imaginação e inocência. O desenho entre outras, tinha que planejar bem os trabalhos a desenvolver bem como os materiais a utilizar. Sempre com o objetivo de ajudar no desenvolvimento de cada criança e na aquisição de conhecimento, tive algumas dificuldades em conciliar os trabalhos em grupos devido às várias faixas etárias, a criança mais pequena tinha 4 meses e a mais velha tinha 5 anos. A alimentação das crianças era trazida pelos pais, quando chegavam já traziam o pequeno almoço tomado, fazíamos o lanche da manhã por volta das 10:00hrs, entre as 11:30 e o 12:00 o almoço, á tarde o primeiro lanche ás 15:30 e o segundo entre as 17:00 e as 17:30hrs, a partir das 18:00hrs os pais começavam a vir buscar, após esta hora era hora de ir buscar as minhas filhas a escola/cresce, de regresso a casa, começava um “novo dia” hora de banho, ajuda nos trabalhos de casa, jantar e ainda a higiene da minha avó, quando tudo já dormia tinha de limpar a casa muito bem, pois no dia seguinte voltava a rotina e as crianças tinha que ter o espaço todo limpo para as atividades.
Não posso dizer que foi fácil, não foi, mas foi gratificante, conseguir um rendimento e ainda cuidar de quem sempre cuidou de mim.
Cresci como pessoa, pois abdicar de tudo para ficar em casa com a minha avó não foi uma decisão fácil, não podia ter férias, não podia me ausentar de casa várias horas, para o meu marido não seria fácil, mas foi sempre compreensível e sempre me apoiou no que podia, para as minha filhas também foi difícil, no início era uma festa mas quando se aperceberam que iam cedo para escola/creche e que a mãe ficava em casa com outras crianças, não compreendiam o porquê, normal eram muito pequeninas. Mas tudo se conseguiu, e vivemos até 2015 assim. No final de 2015 fiquei grávida de novo, não estava nada à espera, pois, a minha filha mais velha já tinha 11 anos e a mais nova 9, e eu estava muito cansada do trabalho com a minha avó e as crianças, já eram muitos anos, sem férias ou descanso e sem tempo para mim, eu não queria ter mais filhos, foi muito difícil psicologicamente aceitar novamente o início de tudo noites sem dormir, consultas, fraldas etc.... Mas assim foi, mais uma menina, no decorrer da gravidez aos 4 meses tive complicações de descolamento da placenta devido ao esforço do trabalho com a minha avó e as crianças, arranjei uma pessoa para me ajudar durante esse período, entre os 6/7 meses de gravidez, a minha avó teve uma paragem renal em que foi para o hospital e ficou internada, infelizmente não resistiu e acabou por falecer, eu fiquei muito abalada até que a menina quis nascer mais cedo, por sorte e no HGO conseguiram a estabilizar e acabei por ter de fazer repouso o resto da gravidez.
A Carolina nasceu no dia 01-06-2016, é a luz dos meus olhos, pois foi muito difícil o seu nascimento, durante o parto a Carolina ingeriu líquido amniótico, o que é muito prejudicial nos bebés recém-nascidos, quando nasceu era só médicos à minha volta, não pode ver a minha filha não a deixaram chorar para não abrir os pulmões para o líquido não se alojar, eram tubos para todo o lado para a aspirar, e eu ali sem poder fazer nada, foi um parto completamente natural sem anestesia sem nada pois não havia tempo a Carolina estava com pressa e ainda bem pois se demorasse mais um pouco não tinha sobrevivido por ter ingerido o líquido, o parto teve uma duração de 13 minutos, mas para mim foi o tempo mais longo da minha vida, é uma sensação não dá para explicar, a nossa impotência, foram horas difíceis, ela foi levada para os cuidados intensivos, pois não respirava sozinha tinha que estar ligada às máquinas, os médicos só diziam as próximas horas são cruciais. A Carolina nasceu às 10h da manhã e eu só a conheci às 17h da tarde, quando me deixaram levantar e ir a UTI, é uma impotência vermos o nosso filho ali ligado às máquinas e não poder fazer nada. Foi assim durante 5 dias, e eu ali fiquei não arredei pé da incubadora, a equipa médica 5* não tenho razão de queixa foram equipas excecionais, e no fim ficou tudo bem a Carolina foi uma guerreira e recuperou bem hoje já tem 6 anos e é uma menina muito inteligente, a única sequela que tem deste incidente são espasmos do choro, ou seja, quando chora para de respirar e desmaia, mas está controlado e não tem nenhuma influência na saúde. Por tudo o que passamos decidi que todos os aniversários da Carolina iriam ser organizados ao pormenor por mim. E assim foi, a festa do 1º aninho[1] da Carolina foi do tema Minnie e Micky, o 2º aninho [2]Fizemos um piquenique no parque de Monsanto, como a Carolina faz anos no Dia Mundial da Criança, temos eventos gratuitos muito giros e interativos. A festa do 3º aniversário[3] foi deslumbrante, consegui atempadamente adquirir tudo do tema que a Carolina queria, a famosa
Patrulha Pata, fiz uma pesquisa através do meu telemóvel no Google de festas com o tema patrulha pata, vi algumas imagens de festa publicadas, e comecei a dar corda aos sapatos. Tinha um valor de 400.00€ para gastar, peguei numa agenda e comecei por fazer uma lista onde continha: Decoração: toalha, painel, balões, tapetes, molduras, mesa etc.… Lanche: sumos, sandes queijo/fiambre, pães de leite, batatas, pipocas, gelatina, salada de fruta, etc…Docinhos: Brigadeiros, mousse, baba de camelo, rebuçados, gomas etc… Bolo, convites, brindes, roupa e o melhor a prenda da Carolina. Comecei por pesquisar na internet onde comprar os adereços da decoração com o tema do aniversário mais em conta. Encontrei um site com o nome I EXPRESS, tive de descarregar a aplicação e fazer o meu registo, para poder fazer encomendas, estava um pouco preocupada pois não conhecia o serviço nem a qualidade dos produtos, mas arrisquei, pois o preço era bastante apelativo. Depois como ainda faltavam três meses para a festa, fui comprando os ingredientes aos poucos cada vez que ia ao supermercado para casa. Contratei uma empresa e eventos, para, no dia da festa procederam à montagem das mesas, arco de balões bem como toda a decoração escolhida, A dois dias da festa recebi um telefonema da empresa de decoração, em que tinha acontecido um imprevisto, tinha falecido um familiar direto do responsável que também laborava na empresa e que por esse motivo durante 5 dias não iam estar a fazer qualquer trabalho. A dois dias da festa vi a minha vida a complicar-se, mas não consegui ficar chateada, infelizmente são coisas da vida. Mas eu só pensava e agora? Todas as empresas que tinha procurado eram muito caras e não aceitavam fazer a decoração das festas com material adquirido por mim, estava feita. Comecei a ver vários vídeos no Youtube de como eles faziam arcos de balões e painéis de decoração. No dia seguinte tentei treinar o arco, sem jeitinho nenhum, nada feito, e eu já muito triste, falei com vários familiares e amigos e nada. Até que na mercearia perto da minha casa onde fui comprar o pão uma senhora ouviu-me comentar a situação da festa com uma amiga, abordou-me e disse: conheço uma Senhora que iniciou agora a sua empresa de Festas infantis posso dar-lhe o contato, mora mesmo aqui perto. Fiquei muito entusiasmada e com esperança, agradeci a sua atenção e fui logo ligar à senhora, que se prontificou logo a vir a minha casa ver o espaço e qual o material que eu tinha comprado. A qual o meu espanto quando a senhora chegou a minha casa, reconheci-a, é mãe de uma amiga da turma, da minha filha Beatriz. E sem estar à espera apareceu uma solução e como costumo dizer um mundo é um quintal. A festa da Carolina correu bem e foi magnífica. Há coisas na vida que nós vivemos, em que pensamos não ter explicação, mas eu penso que tudo tem um motivo. Durante a gravidez da Carolina eu solicitei a laqueação porque não queria mais filhos e devido ao que aconteceu durante o parto eu não estava em condições para ser submetida a uma cirurgia porque eu só queria estar perto da minha filha então a laqueação foi adiada. Resultado ao fim de nove meses estava grávida de novo, pois não vos expliquei deixei para agora, sou uma das raras mulheres que tem dois ciclos em vez de um então a probabilidade de engravidar é maior e para ajudar todos os métodos conhecidos não fazem efeito no meu organismo e só trazem complicações, por exemplo eu coloquei o Diu um aparelho junto aos ovários e acabei por engravidar, uma gravidez ectópica ou seja não estava dentro do útero fui submetida a uma cirurgia para retirar o feto que estava a se desenvolver nos ovários o que não seria possível, pois o nosso corpo não permite.
Com várias pilulas engravidei e acabei por ter abortos espontâneos pois estava sempre com efeitos da medicação, são episódios da minha vida que não gosto de falar pois mesmo sendo situações naturais do ciclo da vida deixam marcas e não deixamos de estar a falar ….., concluindo o único método contracetivo viável foi o emplanom um implante que colocamos no braço, que foi o que tive entre a minha segunda filha Quando passei por esta etapa da minha vida, recordei da importância de ter votado no direito ao aborto em 2007, este direito está bem constituído, na minha opinião, sendo que passou a ser um ato medico assistido e deixou de ser um ato irresponsável e ilegal, porque acredito que antes de ser permitido. Existiam várias mulheres que o faziam ilegalmente correndo o risco da sua própria saúde. Concluindo que todas as mulheres devem ter o direito e opção de escolha dentro dos parâmetros da lei independentemente da sua raça, posição social e motivo.
(CEDB36) Fui sempre acompanhada na Unidade Familiar do Pragal, com uma equipa espetacular, sem qualquer custo, o nosso País tem um sistema Nacional de saúde, onde o planeamento familiar é gratuito. Fiz uma pequena pesquisa onde encontrei uma pequena descrição que transcrevo:” O planeamento familiar é uma forma de assegurar que as pessoas têm acesso a informação, a métodos de contraceção eficazes e seguros, a serviços de saúde que contribuem para a vivência da sexualidade de forma segura e saudável. nossa área de residência”. Quando engravidei a quarta vez, fiquei a saber no dia que a Carolina fez um ano, vou confessar pensei em fazer um aborto nessa altura, não tinha capacidade para mais nem psicologicamente nem financeiramente, foi fazer uma ecografia para confirmar o tempo para saber se ainda era permitido, e o que me esperava, já estava com 14 semanas já não era possível de qualquer modo depois da ecografia e ver um bebé completamente formado e ouvir os batimentos cardíacos não tinha coragem de o fazer. Não sabia o que fazer, nem onde ir buscar mais forças estava completamente perdida, ainda não tinha recuperado do que tinha passado com a Carolina das noites sem dormir dos dias nos hospitais, e já estava grávida eu só sabia era chorar, chorar, o médico da ecografia dizia tenha calma é preciso é saúde e este bebé é perfeito e eu olho para a televisão para ver e faço uma observação: Dr. º é um menino? E o médico em tom de ironia diz não é uma menina não está a ver? E eu muito pasma a olhar respondo eu já tive 3 meninas e não é assim. E o médico diz claro que não, não está a ver aqui estas bolinhas??? É um menino, não um meninão...... aí eu ainda chorava mais e mais e mais, como era possível eu sempre quis um menino desde a primeira gravidez, e agora que ele aqui estava eu pedia tanto para ser um sonho. É na vida tudo tem um motivo. E aqui está o meu mais pequenino Daniel hoje com 5 anos é um rei no meio de tantas princesas.
Durante a gravidez do Daniel deixei de trabalhar, não estava a conseguir, tomar conta de 4 crianças, da Carolina com um ano de idade e grávida. Já para não falar da Mariana com 12 anos e da Beatriz com 10. Ainda grávida do Daniel, me foi diagnosticado esgotamento pós-parto (da Carolina).
Mas posso acrescentar que ainda não consegui fazer a laqueação pois no parto do Daniel não havia médicos disponíveis, calma não se assustem arranjamos outra solução, como é mais rápido e simples pedimos a vasostomia do meu marido ao médico e ele conseguiu ainda fazer enquanto eu estava grávida do Daniel.
Ou seja, enquanto não mudar de marido estou bem ...hahaha. estou a brincar contínuo em lista de espera, mas sim temos o problema resolvido.
O meu marido é o melhor companheiro de sempre pois duplicou o trabalho dele de forma que ficasse em casa só com a Carolina e grávida do Daniel, para eu recuperar.
Após o nascimento do Daniel que correu muito bem, eu ainda fiquei em casa com os dois até a Carolina fazer 2 anos. Quando completou os dois anos entrou para a creche e eu fiquei só com o Daniel.
No dia 07 de Abril de 2017, consegui realizar mais um sonho, casar pela igreja e batizar os meus 4 filhos no mesmo dia. Foi um dia único, mágico. Mas para chegar a este dia, são inúmeras burocracias, como já tínhamos casado pelo registo civil, tive de ir levantar uma Certidão do Casamento Civil, Para além do certificado de casamento, e apesar de cada Igreja ter as suas normas, tive de levantar as certidões de batismo, Assento de nascimento, que tem de ser no Registo Civil da localidade em que nascemos. Nomes e Residências completas das testemunhas do casamento (padrinhos) e cópias dos respetivos documentos de identificação. Foi privilegiada em ter tempo para organizar tudo, escolher e até personalizar os convites, os brindes, o menu do copo de água até mesmo o quadro das mesas, o tema das mesas foi tudo feito por mim.
Os copos dos noivos, o cesto das alianças tudo foi escolhido e feito por mim.
Em 2018 o Daniel foi para a creche, e um novo ciclo da minha vida começou, a luta de voltar a trabalhar.
Tantos anos fora do mercado, sem um currículo de formação académica ou profissional, não seria fácil. Mas mesmo assim fui à luta, consegui um trabalho numa casa particular como ajudante de geriatria, para tomar conta de uma senhora acamada, era um bom horário de segunda a sexta-feira das 09:00hrs até as 18:00hrs, e como tinha experiência com a minha avó, consegui a vaga.
Após três semanas de trabalho, tive uma proposta de trabalho da empresa do meu marido para uma vaga para empregada de escritório, o horário de trabalho era o mesmo, mas o vencimento era superior e na empresa tinha contrato de trabalho efetivo, com subsídio de alimentação, subsídio de férias e natal, seguro de acidentes de trabalho, medicina no trabalho, com um horário de trabalho de segunda a sexta -feira das 09:00hrs até á 13:00 e das 14:00 ás 18:00, e ali onde estava não tinha, com alguma pena de deixar a senhora acamada, sabe deus nas mãos de quem, mas não tive como não aceitar.
No dia 01 de Novembro de 2018 entrei para a firma onde o meu marido trabalha como Oficial Polivalente da Construção Civil, com a categoria de empregada de escritório. A empresa tem o nome de Domus Squadra Melom, está situada na Charneca da Caparica. O escritório está dividido em vários gabinetes, o gabinete da contabilidade, gabinete da arquiteta e peritos, gabinete da administrativa, gabinete da gerência e o armazém que se encontra dividido em duas partes: ferramentas de trabalho e materiais, eu estou no gabinete da administrativa com uma colega, ao sermos duas temos um trabalho de equipa e cumplicidade estamos sempre atentas, ajudamos, intervimos sempre que necessário e completamos o trabalho uma da outra sempre que necessário, independentemente da tarefa. Embora sejamos empregadas de escritório estamos sempre a trabalhar como equipa um exemplo, o colaborador do armazém falta ao serviço, há materiais a levantar no fornecedor e entregar em obra, qualquer um de nós pega na carrinha da empresa e vai fazer o serviço, tendo em conta que procuramos saber qual de nós tem mais disponibilidade de serviço. Somos uma empresa de remodelações, mas os nossos maiores clientes são seguradores, temos um protocolo em que somos uma unidade de reparadores certificados das companhias de seguros, ou seja, quando uns segurados das companhias têm um sinistro em casa e participam á seguradora desde que esteja na nossa área geográfica é a nossa unidade que vai fazer a intervenção que tem várias fases.
Após a participação chegar à nossa unidade por e-mail, sou eu que dou início ao processo. Primeiro passo, ler o e-mail com indicações do processo, normalmente o email tem anexos em PDF, Word ou ficheiro JPL, abro todos os anexos de forma a analisar todos os documentos. Segundo passo no OneDrive da empresa dentro de uma pasta designada como seguradora. Abro uma nova pasta com o número do processo e nome do cliente, dentro desta pasta é colocado todos os documentos recebidos e enviados, bem como relatórios, fotografias e orçamentos. Terceiro passo ligar aos segurados e lesados caso exista a fazer uma marcação de visita do nosso perito fazendo a confirmação da participação bem como todos os dados, nome morada, esta visita tem de ser inserida na agenda do OneDrive de forma que o colega tenha acesso aos trabalhos diários; Quarto passo abrir um processo físico. Imprimir ficha de dados e de intervenção de forma o colega ter toda a informação necessária para a deslocação ao local.
Após a visita do perito ao local, o colega traz toda a informação necessária, desde qual a intervenção a fazer para resolver o sinistro, qual a área a intervencionar, quais os danos causados pelo sinistro e onde e se o sinistro causou danos a terceiros.
O procedimento seguinte é proceder Após estes documentos serem concluídos eu tenho como função de proceder a um orçamento, com base nos relatórios do colega e fotografias bem com um croqui com metragens.
De forma a conseguir efetuar o orçamento tenho vários pontos de avaliação, por exemplo:
Um sinistro de rutura de uma bicha de ligação flexível do bidé, provocou uma inundação pela fração.
Áreas afetadas: Quarto, Sala, Hall de entrada
Danos Quarto: - pavimento, rodapé e paredes em estuque
(Larg. 3m x Comp. 2.8m)
Danos Sala - pavimento, rodapé e paredes em estuque
Larg. 5m x Comp. 3.8m)
Danos Hall de entrada - pavimento, rodapé e paredes em estuque
Larg. 1 mx Comp. 2.4m)
- em toda a fração 2.60m
Começo por avaliar as fotografias que o perito trouxe, e faço a avaliação das áreas a intervencionar ou seja se tem móveis, a tipologia do pavimento, a qualidade da tinta etc,,
Depois começo por fazer um articulado das funções/tarefas a realizar bem como os materiais a adquirir, o orçamento é feito por fração e por ordem de trabalhos, após o articulado estar completo, proceder aos cálculos das metragens de forma a ter as quantidades de materiais a adquirir bem como tempo de mão de obra.
Área para aquisição de pavimento flutuante: Largura x Comprimento (deve- se somar 10% ao resultado final para aquisição de materiais para desperdício, este valor é um valor de referência deve se ter em atenção a geometria da área a intervencionar)
O perímetro: soma-se todos os lados da área, conseguimos ter os metros lineares para aquisição de rodapé para aplicação.
Estes orçamentos são efetuados em Excel, que são convertidos para PDF e enviados por e-mail para o gestor do processo da companhia, após esta avaliação recebemos a autorização para avançar ou não com os trabalhos.
Quando iniciei o meu trabalho na empresa não tinha qualquer conhecimento de companhias de seguros e de todos os procedimentos necessários de cada processo, hoje já consigo realizar todas as tarefas sozinha. Para conseguir realizar os orçamentos sozinha desenvolvi uma tabela de preços, no Excel, com todos os materiais que a empresa dispõe onde tenho uma base de dados de fornecedores.
Nesta tabela os valores apresentam-se de várias formas: valor sem IVA; valor do desconto; valor com desconto e valor total, ou seja, com IVA e desconto. Ex: saco cimento 25Kg - 8.50€ S/Iva
Desconto 25%
Ou seja: 25%=0,25
o valor do desconto é:
8.50x0,25 =2,12
8.50-2,12= 6,38€
Tenho o valor de gasto real para a empresa, no final temos o valor da aquisição com IVA
6,38x1,23=7,85
O valor do saco de cimento com 25% de desconto e com IVA é de 7,85€
Estes valores estão desenvolvidos numa tabela Excel com células formatadas com cálculos de forma a simplificar o nosso trabalho de inserção de dados, basta inserir o valor do produto e qual o desconto aplicado, a partir daí as fórmulas trabalham os valores.Também já desenvolvi um ficheiro em Excel que funciona como base de dados de processos, ou seja, cada processo novo inserimos na base de dados com os elementos mais importantes, nome, morada, contatos telefónicos e o estado do processo, cada vez que existe alguma alteração no processo procedemos à sua atualização. Sempre que necessário fazemos consulta e o ficheiro dá-nos respostas como por exemplo: o número de processos por mês que realizamos, se estão concluídos de forma a faturar, se aguardamos autorização por parte da companhia e muito mais. Desta forma conseguimos controlar o volume de trabalho bem como quando somos questionados seja pela companhia ou pelos segurados do ponto de situação atual, conseguimos ter uma resposta pronta e certeira. Contudo, salvaguardamos que qualquer um de nós tenha acesso ao ficheiro e aos processos de forma a dar continuidade ao trabalho caso exista alguma ausência.
Nos meus tempos livres tenho dois hobbies, um deles é na tarde de domingo, passar a tarde no meu sofá a ver televisão, é sagrado. O outro é voluntariado, faço com um grupo de amigos, para uma associação. O meu trabalho de voluntariado passa por uma vez na semana recolher alimentos numa pastelaria no horário de fecho e ir entregar a algumas famílias carenciadas. Todos nós temos um dia da semana, está organizado a distribuição por zonas, cada um faz a distribuição às famílias mais próximas da nossa residência, contudo quando não é possível a algum de nós fazer o nosso dia por motivos alheios, trocamos uns com os outros, porque o importante é não deixar as famílias sem a nossa visita, para além da alimentação recolhemos roupa/brinquedos de todo o género e idades, fazemos uma triagem de agregado familiar e depois dividimos a roupa angariada.
Decidi voltar a estudar, embora esteja ativa profissionalmente, ainda não perdi a esperança de um dia conseguir alcançar o meu sonho que é ser educadora de infância. O meu objetivo a longo prazo é concluir o 9ºano, a posterior um curso profissional de Acção Educativa com equivalência ao 12º ano, para depois fazer um Curso Superior ou um CET. Se me perguntarem se vou conseguir, não sei, pois, mãe de quatro filhos não é fácil, muito menos financeiramente. Agora o foco é o 9º ano, o resto vai com o tempo. É muito bom ser mãe, mas é difícil não trazem livro de instruções, eu costumo dizer uma coisa engraçada: “Tudo é uma fase. Fase das cólicas, fase dos dentes, fase dos porquês… é tudo uma fase, mas a que vem a seguir é sempre pior!” Para mim a fase da adolescência é terrível ainda para mais nesta época em que vivemos “online”, os perigos atuais da sociedade são muito superiores às antigas. É muito bom termos evoluído tecnologicamente, mas muito perigoso. Por ter duas filhas na adolescência tenho todas as aplicações é Instagram, Ticktock, WhatsApp, em algumas aplicações não percebo nada daquilo, mas foi a forma que arranjei para poder ter acesso aos conteúdos da internet. Hoje em dia tudo é possível pelas aplicações, eu faço a gestão dos meus educandos pela plataforma da escola, consigo consultar diariamente/semanalmente como entender as faltas, faltas de atraso, trabalhos de casa/grupo, comportamento, notas etc.
Os almoços são marcados mais uma vez por uma plataforma, no meu caso pertence à Câmara de Almada.
Eu faço tudo no computador, são alterações de morada, no serviço online do Cartão de Cidadão, e na Segurança Social Direta, Finanças.
Desde muito cedo que tenho tido experiências profissionais em que não tenho conhecimento nem formação académica, mas tenho uma coisa, motivação e força de vontade de aprender. Um dos métodos que utilizo mais é o GOOGLE “dicionário dos burros” é assim que lhe chamo “a brincar”.
Foi no campo de busca da internet que coloquei as minhas dúvidas muitas vezes. Um exemplo o Excel, fazer fórmulas ou gráficos, eu aprendi a ver vídeos no Youtube com explicações de como proceder a todos os passos, ainda hoje quando tenho dúvidas, sim porque não sei tudo e procurar ajuda muitas vezes, até por vezes de coisas que já fizemos e não nos lembramos. Hoje estou aqui a escrever a minha autobiografia para o processo de RVCC, de forma a tentar concluir o 9º ano.